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Conheça David Bisbal, o espanhol que quer conquistar o Brasil


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O cantor espanhol David Bisbal vem de uma turnê de sete shows pela América Latina quando se senta para conversar com o POPLine no quarto de um hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ele pergunta qual é a agenda para o dia seguinte e há muitos compromissos. “Vou poder descansar de tarde?”. Não muito, respondem. Tem dois programas para gravar, uma entrevista telefônica, um voo para São Paulo… e ele ainda quer encontrar um amigo. Bisbal está cansado, mas também feliz. Desde sua estreia em 2002, ele já vendeu mais de cinco milhões de álbuns, recebeu 60 discos de platina e ouro, gravou com Rihanna e Miley Cyrus, ganhou dois Grammy Latinos, dois World Music Awards e vários Prêmios Billboard Latinos. O que falta, então? Falta você. O artista quer conquistar o público brasileiro e para isso não mede esforços. Não é estranho começar do zero em um país estrangeiro já sendo consagrado mundo afora?

– Não importa, não importa. A ilusão não pode tudo, me entende? Para mim, é muito importante estar aqui. Fazia muito tempo que queria vir ao Brasil, e essa já é a minha segunda vez, e com duas cidades. – diz o espanhol, que fez um show em São Paulo no ano passado, pela primeira vez na carreira, e ficou muito realizado. – Eu me sinto, sim, começando do zero, porque obviamente é muito difícil [penetrar no mercado brasileiro]. Aqui é um país muito grande, com um idioma diferente e muitos gêneros musicais. Estou feliz de estar aqui e poder continuar esse caminho, esse sonho.

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A carreira de Bisbal foi alavancada na 1ª temporada do reality musical “Operación Triunfo”, na Espanha, em 2001. Ele ficou em segundo lugar na competição, assinou contrato com uma gravadora, lançou seu primeiro álbum, “Corazón Latino”, vendeu horrores e ganhou o Grammy Latino de Artista Revelação. De lá para cá, totalizam-se sete discos, incluindo o mais recente, “Tú y Yo”, no qual ele inseriu um dueto com a cantora Sandy, já de olho no mercado brasileiro. Além disso, por ironia do destino ou pura consagração, ele se tornou técnico do “La Voz” (The Voice) na Espanha e no México e do “La Vos Kids” na Espanha. Seus hits? “Ave María”, “Dígale”, “Bulería”, “Esclavo de Sus Besos”, “Mi Princesa”, “Diez Mil Maneras”… são vários, mas você nunca os escutou. Brasileiro não ouve muita música em espanhol, não é? Verdade seja dita.

– Muitas músicas em português fizeram sucesso na Espanha e ficaram no topo das paradas, na frente das músicas em espanhol. Suponho que algumas em espanhol tenham emplacado aqui também. Eu acredito que, pela extensão do Brasil… – ele dá uma pausa para uma risadinha. – O país de vocês é muito grande! Então vocês têm suas próprias músicas e é razoável que tenham seus próprios critérios e gostos.

Mas se lhe derem uma chance, ele não reclamará. David Bisbal vem com certa regularidade à América Latina (agora mais do que nunca, porque namora a atriz argentina María Eugenia Suárez), e adoraria incluir o Brasil na rota das turnês. Se tiver que gravar em inglês ou em português para isso, ele garante que não tem qualquer problema. O foco no momento é divulgar seu trabalho no país e aumentar sua base de fãs brasileiros. Descansar, por exemplo, ele entendeu que não dá. Nem passear. “No caminho do aeroporto para cá, passei pela praia e tirei uma foto. Faço o que posso!”, ri. A estratégia está dando certo: 12 andares abaixo, no saguão do hotel, já havia um grupo de seguidores à sua espera.

Você passou esse mês inteiro viajando a América Latina.
Sim, desde o início do ano estamos em plena turnê, sem parar de trabalhar, e neste mês estivemos no Peru, na Argentina, no Chile e agora aqui no Brasil antes de voltar à Espanha.

Como foi a experiência de passar por tantas cidades cantando suas músicas novas?
Muito boa! Já estamos em turnê há um ano. O disco saiu em março do ano passado e desde então estamos fazendo shows sem parar. Começamos na Argentina e passamos pelo México, Chile, Porto Rico, Estados Unidos, Brasil, Equador, muitos países. Agora, por exemplo, chegamos à Europa, à România e à Espanha. Sinceramente, venho desfrutando bastante, porque é um disco com um conceito novo, mesclando o orgânico de uma banda de verdade com elementos mais eletrônicos. Eu gosto muito desse som.

Você vem com frequência à América Latina. Tem um carinho maior por algum país?
Sim, eu venho sempre, e tem países que eu visito com muita frequência, todos os anos. Eu acredito que o México, a Argentina, o Porto Rico e os Estados Unidos são os países que mais visitei desde que comecei. Mas também fui muito a países da América Central e do Sul. Essa turnê é muito especial porque me trouxe pela primeira vez ao Brasil, e foi como a realização de um sonho.

No vídeo que você postou no Youtube com um resumo de sua viagem a São Paulo no ano passado (acima), você parecia muito realizado. Qual a importância de cantar no Brasil pela primeira vez?
É muito importante! Deve-se ter em conta que o Brasil é um país gigante, com sua própria música, seu próprio conceito, seus próprios gêneros musicais, com artistas ótimos, então é uma maravilha que deem espaço para um pequeno show de um artista de fora. Eu tenho que agradecer. Para mim, é muito importante e acredito que todo músico latino quer cantar no Brasil. Eu desfrutei muito e tive uma surpresa com a resposta do público, porque eu não imaginei que sucederia o que sucedeu. Foi uma resposta muito boa!

Os fãs brasileiros deviam estar esperando há muito tempo, também.
Eu sabia que tinha um fã-clube muito importante aqui, mas ainda não tinha podido vir, porque não haviam se dado as circunstâncias. Mas eu sempre encontrei fãs brasileiros em outros países: no Chile, na Argentina, no Peru. Quando cheguei aqui, me dei conta que realmente havia um grupo importante e um carinho muito bonito.

Você cantou com Carlinhos Brown e Sam Alves nesse show em São Paulo. Já os conhecia ou foi uma coisa da gravadora?
O Carlinhos Brown eu conhecia, porque ele evidentemente já foi à Espanha, e seu avô é espanhol, então não foi difícil nos colocarmos de acordo. Estivemos trabalhando e compondo uma canção juntos em um estúdio em São Paulo. Foi bastante interessante esse reencontro. Com Sam Alves, na verdade, foi uma apresentação da gravadora, mas me pareceu interessante, porque eu fui técnico do “La Voz” no México e na Espanha, e gostei da ideia. Além de ser o vencedor do “The Voice”, ele é um artista bom de verdade. Eu o convidei, ele aceitou, e as pessoas o receberam muito bem.

Você gravou a música “Hombre de Tu Vida” com a Sandy. Vocês se encontraram ou gravaram separadamente e nem tiveram contato?
Eu adoro a Sandy! A gente teve contato sim, mas ela não podia viajar, porque tinha sua agenda de trabalho e agora é mãe, e deve estar se dedicando mais a isso. Eu já a conhecia desde a dupla com o irmão, porque tivemos o mesmo produtor. Eles fizeram um disco com Sebastian Krys, um disco muito bom, aliás. Acho que era 2006. Lembro que tínhamos o mesmo produtor e o Sebastian Krys me falou deles. Aí, quando eu compus essa música, que tem uma pegada muito brasileira, eu pensei nela. Por que não? Somos da mesma gravadora e achei que seria a união perfeita.

Quando você fez o show em São Paulo, muitos fãs pensaram que ia cantar “Hombre de Tu Vida” com ela no palco. Mas a Sandy estava grávida. Agora, ela está voltando a trabalhar, então tenho que perguntar: gostaria de cantar com ela em um show?
Sim, gostaria! Claro que gostaria cantar com a Sandy! O problema é que muitas vezes, entre nós artistas, é difícil casar as agendas. Mas eu adoraria.

Tem mais algum artista brasileiro com quem você gostaria de trabalhar?
Há muitos artistas, mas acho que, no momento, estamos bem encaminhados. Fiz essa música com o Carlinhos e espero poder lançá-la algum dia. Vamos aos poucos. E, bem, tem Caetano Veloso e Ivete Sangalo, que são reis da música popular daqui, respondendo a tua pergunta.

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Aqui no Brasil, a gente está vivendo um boom de competições musicais na TV. São vários programas e vários quadros. Você começou a carreira no “Operación Triunfo” e foi técnico no “La Voz”. Qual a importância que dá a esses realities na sua carreira?
Eu digo que o reality show pode ser uma plataforma interessante para você apresentar seu trabalho, entende? Eu acho que é importante, porque te dá exposição. Mas, evidentemente, o mais importante é quando o programa acaba e você continua esse trabalho. E como se continua esse trabalho? Tem que formar uma equipe de bons profissionais e, claro, ter conexão com o público e fazer músicas boas.

O que acontece aqui é que as pessoas torcem muito enquanto o programa está no ar, mas os vencedores não fazem sucesso depois.
Ah, não?

Não. Como é na Espanha? Os vencedores fazem sucesso depois?
Tem que dar tempo ao tempo. O que eu vejo é que, para a realidade atual, alguns candidatos, não falo nem dos vencedores, mas alguns candidatos souberam se organizar bem e estão fazendo muitos shows na Espanha. Muitos deles, na verdade. O que acontece é que você não pode avaliar uma carreira em um ano. Tem que dar tempo para ver como se desenrola. Mas, para um ano ou dois, alguns deles lançaram vários discos s e fizeram muitos shows.

Você, desde que saiu do “Operación Triunfo”, sempre emplacou álbuns no topo das paradas, vendeu muitas cópias, ganhou muitos prêmios. Tem alguma fórmula para o sucesso?
Eu gosto muito de trabalhar e me unir ao público. O primeiro passo é fazer um disco bom e depois ter disponibilidade para viajar de aqui para lá continuamente. Em seguida, o importante é a conexão que você quer ter com o público e quem forma sua equipe de trabalho, que você vai aumentando e melhorando com o tempo. É como um time de futebol: você vai renovando as pessoas para que a equipe se mantenha boa.

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Há dois Grammy Latinos em sua trajetória. Como é ganhar um prêmio tão importante: uma emoção de verdade ou, no meio de uma agenda cheia, se torna mais um compromisso de divulgação?
Não, cara! Não é qualquer divulgação! É algo especial. O Grammy e o prêmio da Billboard são muito importantes. No Grammy, quem vota é a indústria em geral, então são os colegas de trabalho da música, e é fascinante quando te condecoram. É um presente. Cantar no Grammy já é um prêmio. E o Billboard é um prêmio muito real, porque se baseia nos números de vendas e nas suas conquistas.

Esses foram os momentos mais especiais da sua carreira ou houve outros?
Também houve outras premiações, como o World Music Awards, que eu ganhei dois deles. Os dois foram em Mônaco. Um em 2003 e eu nunca me esqueço que cantei depois da P!nk, porque o microfone estava manchado com o batom dela. E na última visita pude rever o Ricky Martin e a Miley Cyrus, com quem eu fiz uma colaboração antes, em “When I Look At You”. São momentos muito especiais, que não dá para esquecer.

E tem algum show inesquecível?
Show… Nunca vou me esquecer do Royal Albert Hall de Londres e o Teatro Real de Madri, que são dois lugares muito importantes. Tem também o Carnegie Hall em Nova York. São três lugares que te dão a oportunidade de transmitir a música de uma maneira completamente diferente, que não tem nada a ver com o pop e é mais conceitual, me entende?

Depois disso tudo, você veio parar no Brasil para se apresentar às pessoas. Quanto tempo fica aqui para cumprir agenda de divulgação?
Fico no Rio até amanhã e depois vou para São Paulo, porque tenho outro programa de TV para fazer lá. Tudo pouco a pouco. Fico dois dias em São Paulo e volto para a Espanha.

Já está com saudade da Espanha?
Sim! Sinto muita saudade, por causa da minha família, mas faltam só três dias, então estou contente.

Quando está de turnê e cumprindo agenda de divulgação, tem tempo para fazer turismo?
Tenho sim. Outro dia, por exemplo, chegamos a Calafate, na Argentina, e fomos ver o Glacial Perito Moreno. Fomos todos – a banda, os técnicos, toda a equipe de som e iluminação – e ficamos lá vendo essa maravilha natural. Então, sim, temos tempo.

No Brasil, não vai ter.
No Brasil, não, porque são poucos dias. Mas sabe de uma coisa? No caminho do aeroporto para cá, passamos pela praia e tirei uma foto lá. Faço o que posso! (risos)